terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Jogos Vorazes: O Que A Telona Não Mostra

[ATENÇÃO] Esse texto é livre de spoilers de acontecimentos dos filmes e aborda temas que são visíveis apenas nos livros. Vamos começar pela dinâmica principal do Distrito 12. Katniss e Gale são afrodescendentes, de pele escura e provavelmente descendentes de indígenas devido aos cabelos escuros e lisos. Em contrapartida a mãe de Katniss e Primrose são claras, loiras de olho azul, pois a mãe não pertencia à costura como o pai, ela era filha de comerciantes, assim como Peeta que é loiro de olhos azuis. Gale desde o começo é a favor de uma revolução, porque é pobre, afrodescendente, arrimo de família, e sabe que se a situação não mudar ou se ele faltar, a família sofrerá da mesma maneira. Já para a família de Katniss onde a mãe e Prim são brancas e pela mãe ter o ofício de curar pessoas, elas estão em relativa vantagem. Tanto Katniss como Peeta sabem que suas famílias ocupam uma posição diferenciada no Distrito 12. A família de Peeta tem a padaria e outros dois filhos, ele não é necessário. A família de Katniss é frágil, mas tem Gale para protegê-las a pedido de Katniss. Outra questão muito interessante é a das tésseras.No primeiro livro é explicado que téssera é uma porção extra de grãos e óleos que uma criança maior de 12 anos pode requerer a cada começo de mês em troca de ter seu nome inscrito mais uma vez nos Jogos Vorazes, e isso é cumulativo. Ou seja, é uma forma de garantir que os escolhidos sejam sempre pobres, sejam sempre os miseráveis. Ainda na questão da fome, fica evidente no Distrito 12 que existe uma floresta que circunda o local com plantas e animais que poderiam ajudar a aliviar a fome, mas do qual a população é isolada com uma cerca teoricamente eletrificada. Aliás, qual a razão de uma cerca eletrificada? A população foi dizimada nos Dias Escuros e só restaram os distritos, sendo que o maior deles (Distrito 11 - Agricultura) deve ter próximo de 50.000 pessoas? São todas ferramentas de controlar as pessoas, de mantê-las na ingenuidade e na subnutrição para não se rebelarem contra algo que é visivelmente errado. Mas como a própria Katniss fala, praguejar contra a Capital não ajuda a colocar comida na mesa. Também tem os "Pacificadores", guardas enviados pela Capital para manter "A Ordem", na verdade, a ordem "natural" das coisas, o Status Quo, punir qualquer um que se rebele. O paralelo com as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora)? Pois é, também me ocorreu.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Aleatório.

Não sou dessas meninas de unhas cuidadosamente compridas e batom vermelho. Que esbanjam charme e segurança. Não que não me disfarce de uma delas de vez em quando e vou pras noites da vida num salto alto, olhos delineados e sorrisos sedutores. (cuidadosamente ensaiados na frente do espelhos por dias a fio antes da noite em questão) Mas preciso ser rude, falar alto, expor apenas o lado mais rústico, frio. Talvez caiba aqui falar do Jardim Secreto, aquele lugar frio, escuro, abandonado que guarda as flores mais delicadas e os prazeres mais inocentes. Será que é pecado ler 200 vezes a mesma conversa procurando qualquer indício de que sim, aquela pessoa viu em mim alguém que valha a pena, alguém pra algo mais que uns minutos de entretenimento. Alguém que trate como coluna em vez de meme. Pra ir comigo na Casa das Rosas subir na varanda e olhar as flores de cima. A embaixada do meu mundo está aceitando turistas, mas que não reparem na bagunça que a reforma ainda vai longe. Tô querendo conhecer de perto um planeta diferente, menos egoísta e mais amor ao próximo, tô de mala pronta, passaporte na mão esperando só um visto. Ou melhor, visto e respondido. Porque só visualizado não dá mais.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Çokorro

Contei por aqui que tinha um crush.
Depois de uns comentários desagradáveis descrushei.
Dancinha da Vitória!

Tudo lindo e maravilhoso...

OH WAIT!

Crushei de novo.

Um crush mais pesado.

Tão pesado que tô stalkeando fervorosamente e praticamente já posso escrever a biografia do fulano.

Só não pesquisei no Google.
(Mas sabe que a ideia é ótima?)

Resumo da ópera: eu devia estar estudando pra p3 ou descansando ou fazendo trabalho mas...

Tô aqui.
Porque não consigo dormir.
Tô ouvindo uma playlist vergonhosamente chamada de "♡".
E olhando pela vigésima sétima vez o perfil no Facebook do crush.

Mesmo sabendo que é furada.

Afinal minha fiel companheira de aventuras não aguenta mais me ouvir falar dele.

Resumindo: agora a vaca foi pro brejo!

Desejem sorte e foco pra mim nessa semana porque ó: tô precisando!

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Mais gentileza? Sim, obrigada!

"Não julgue um menino pela cara." Essa semana tive o prazer de ler um livro chamado "Extraordinário" da escritora Raquel Jaramillo Palacio. Mal consegui dormir enquanto estava lendo. O tipo da história que todos devíamos ler, para sermos pessoas melhores, enxergar os outros como verdadeiramente iguais. Em tempos de Tinder e outros aplicativos do estilo prateeleira de pessoas esse livro mostra os pensamentos mais pessoais de um menino que nunca foi aceito pelo mundo, nunca foi visto como um igual. É a história de um menino de 10 anos, August Pullman que irá começar a frequentar a escola. O motivo da entrada tardia na escola normal é que August é portador da Síndrome de Treacher-Collins, se submeteu a diversas cirurgias e até essa idade ele estudava em casa com os pais. Se posso dar um conselho é: leia o livro antes de procurar imagens no Google da síndrome. Essa condição causa alterações na face, na estrutura do crânio, faz com que o rosto dessas pessoas seja diferente do convencional. Infelizmente ao ter conhecimento dessa síndrome temos o péssimo hábito de reduzir a pessoa a aquela condição. E porque o livro é absurdamente fantástico? POrque é uma ode à gentileza. Porque conta a história de diferentes pontos de vista: de August e como ele se sente, do que ele se priva; Olivia a irmã mais velha de August que fica em segundo plano e se isola; dos amigos de August na escola, vários deles e como lidam com a diferença. Aliás Olivia é um exemplo de gentileza, carinho, alguém que protege o irmão, mas também tem conflitos, também não quer ser reduzida à condição do irmão. Por outro lado é uma história sobre uma criança de 10 anos que brinca, faz lição de casa, briga com os pais, é fã de Star Wars e quer fazer amigos. Também fala das dificuldades nos detalhes, da evolução da Síndrome, dos medos de coisas que aos outros parecem banais. É um livro absurdamente leve, divertido, gostoso de ler. Coisas tão pequenas como tomar um sorvete sobre uma perspectiva única. Leia o livro, se identifique um milhão de vezes com Auggie e depois veja imagens da Síndrome. Na verdade somos todos muito parecidos. E por favor, nunca, nunca, nunca olhe com espanto, grite, aponte, olhe duas vezes.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Ralados no Joelho: Uma Analogia

Vc já ralou o joelho quando era criança? (espero que sim, uma infância sem joelhos ralados deve ser muito triste) Não aconteceu nada, certo? E depois ralou de novo no mesmo lugar? E depois de novo, e de novo, e de novo? De modo que nunca desse tempo de cicatrizar? Enquanto vc não limpar, cuidar, proteger e der um tempo ao corpo se recuperar aquele machucado não fecha. Bom, é isso o que acontece quando se é mulher numa faculdade machista e num curso machista², a ferida nunca fecha. *Sexta-feira de manhã, aula de Fabricação Mecânica: "As meninas que me desculpem, mas isso é um motor bom, potente, de macho." "Pra que serve a pintura em uma peça mecânica? Meninas, não venham me dizer que é pra deixar bonitinho." O mesmo professor falando sobre como ter na formação um curso técnico é importante e está para iniciar um discurso sobre o mesmo quando resolve perguntar se alguém na sala fez curso técnico, ao ver que a única pessoa a ter feito era a única menina presente muda bruscamente o assunto. *Sexta-feira à tarde, Laboratório de Eletricidade Geral: Grupo de laboratório composto por duas meninas e um menino, a tarefa era montar um circuito de maneira a acionar o motor elétrico através de um duplo triângulo, integrante masculino está sentado mexendo no celular enquanto integrantes femininas montam o circuito. O circuito não funciona, integrante masculino diz antes de sequer olhar para o que foi feito: "É óbvio que não funciona, vcs fazem tudo errado!" Integrante feminina pergunta onde está errado e como consertar, integrante masculino ignora as perguntas e volta a mexer no celular. Outros episódios: *Aluna está na oficina construindo um chassi para um trabalho em grupo, aluno do mesmo grupo passa todo o tempo sentado ao lado da aluna criticando os métodos da mesma sem sugerir alternativas, sem sua opinião ter sido solicitada e não produz absolutamente nada para o desenvolvimento do grupo. Apenas para situar melhor, tenho aula de quarta-feira somente no período da manhã, não estive presente na aula na quinta-feira e tive aulas nos períodos da manhã e da tarde na sexta-feira. Ou seja, não se passa um período de aula sem presenciar algo machista no curso de mecânica da Escola Politécnica da USP. Alguém pode me dizer o que fazer pra se proteger desse tipo de ralado no joelho?

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Quatro da Manhã

Todo mundo morre as quatro da manhã. E quem não morre tem vontade de morrer. Quatro horas é quando a balada tá acabando e as pessoas estão chatas e cansadas. É quando só existem dois tipos de pessoas: as que querem ir pra casa e as que nem sabem mais o que é isso. É quando a ressaca começa a bater, é quando se liga pra quem não deveria, é quando se faz o que não pretendia. Quatro horas é aquele momento de constatação da insônia, quando vc se conforma que não dormiu, não vai mais dormir e mesmo que dormisse não adiantaria pois logo é hora de levantar e enfrentar destruído um longo dia ruim. Quatro horas é quando bate o desespero dos momentos maravilhosos que não podem mais voltar. É quando se sente a falta dos amigos que partiram, dos familiares que não estão mais ali. É quando se necessita de um abraço mais que tudo nesse mundo, mais até que respirar, mas não se tem ninguém pra abraçar. Hora de enfrentar os desejos mais obscuros e prescrutar os sentimentos inconfessáveis. O momento exato em que vc se dá conta de cada mentira que tem vivido, é a hora que os sonhos não perseguidos vem assombrar. Também é hora das mais decididas resoluções, aquelas que provavelmente nunca serão postas em prática. Talvez as mais sinceras e mais necessárias. Quatro horas é o que poderia ter sido. Se tivesse feito, se dissesse o que pensava, se recusasse tomar parte. A melhor parte das quatro da manhã são as certezas. Se vc é feliz na sua profissão quando pensa nela nesse horário, então definitivamente vc é feliz. Se vc ama e confia em alguém às quatro da manhã, essa pessoa é pra sempre. Muitas pessoas evitam a filosofia da madrugada. Como alguém me disse uma vez "quem pensa muito, sofre muito". Mentira. Eu já pensei como esse alguém, antes de conhecer e travar amizade com meus monstros particulares. Atualmente nos cumprimentamos, jogamos cartas, contamos piadas e eles me ninam até dormir. Sei que a vida vale a pena porque não mudaria absolutamente nada nela, nem as quatro da manhã.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

...

Apertarem sua bunda na balada.
Sua mãe te chamar de depravada.
Mas mãe,  por que eu?
Se tudo que faço é com corpo meu?

Sua amiga te contar desgostosa
Que você a chamou de invejosa
Mas amiga,  eu jamais diria isso
Ficar se comparando é desperdício

E se eu gostar de jogar
Porque eu deveria me intimidar?
Porque meu gênero precisa ser escondido?
Porque o acesso não nos é permitido?

Mas tudo isso é besteira
E não deveria me importar tanto
Mulher,  não perde a estribeira
Se situa e volta pro teu canto

Foi um elogio,  não foi nada
Acham que eu não entendi direito
A explicação não é complicada
Minha inteligência merece respeito

"Deixa eu te interromper um pouquinho"
"Vou só complementar"
"Vou falar rapidinho"
Na verdade é só pra te calar

Somos todas irmãs
Não duvide do que digo
Porque nós,  todas as manhãs
Sabemos como é enfrentar o perigo

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Sorrisos Sinceros

Hoje foi estranho te ver sorrir. Usando um presente que dei há relativamente pouco tempo. E hj vc sorriu. Não que já não tivesse sorriso antes, mas hoje foi aquele sorriso com carinho ao ler uma mensagem no celular. Gosto de pensar que vc sorria assim quando eu te mandava bobagens pretensiosamente engraçadinhas. Doeu,não nego. Apertou meu coraçãozinho,mas em vez de sangrar apenas senti as cicatrizes. Foi como revisitar uma escola antiga,  saber que a fase passada ali foi ótima,sentir alívio por se livrar de certas coisas mas também saudade de outras. Saber que tudo que tinha que acontecer ali já aconteceu e que vc não pertence mais. Se hoje vc tivesse que estudar ali se sentiria deslocada,entediada e desconfortável. Nunca mais se sentirá parte daquele universo. E por esse sentimento confuso percebo que vc tem que sorrir, e espero que sorria mais do que nos últimos tempos. Ainda vejo beleza no seu sorriso. Mas felizmente não vejo mais meu mundo nele.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

4you, 4me, 4todomundo

Sem horas e sem dores...

(respeitável público pagão, OH WAIT)

É com imenso prazer e absurda surpresa que venho por meio desse formalíssimo memorando (#sqn)

comemorar o aniversário de 4aninhos do bloguinho!


Dancinha da Vitória Infinita!


E é isso.
Outra hora escrevo algo mais!

Um beijo e um queijo!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Talvez dê, está dando, deu ruim

Sintomas:
sorrisos de canto de boca
playlists de gosto duvidoso
mais tempo na frente do espelho
checar o whatsapp o dia todo
deliciosos arrepios na espinha
stalkear redes sociais

Diagnóstico:
Síndrome do Crush

Pois é.
Essa que vos fala tem um crush.

Mas o que é um crush?
Crush é a versão pós-moderna-mega-blaster-contemporânea de "uma queda por alguém".

Ou como minha querida mãe já me dizia desde a tenra idade:
"ter um favorito"

Mas Aline, como vc sabe que não está amandinho-apaixonadazinha-gamadinha?
Vish, essa é a parte difícil de explicar.

Não é aquela sensação de coração quentinho, de cheiro de pães de queijo saindo do forno.
Nem aquela vontade de contar todos os detalhes do dia.
Nem aquela vontade de conversar o dia todo.

É só uma curiosidade urgente.

O tratamento?
Sei lá quem sabe!
E se vc souber, me conte!

Ou melhor, não conta não.
Que faz tempo que minhas covinhas não vêem tanto a luz do dia.

sábado, 22 de agosto de 2015

Último Capítulo

Acho que é a primeira vez que não vou te dizer algo.
Provavelmente porque aquela sensação de aconchego que eu sentia perto de você não exista mais.
O que de certa forma é bem triste.
Não vou negar que vc feriu meu ego, que chorei de tristeza e de raiva e que tentei ignorar toda essa confusão que eu estava sentindo.Que não me senti devastada por ver vc tão bem enquanto eu continuava destroçada por dentro.
Sinto muito por não ter correspondido às suas expectativas.
Ainda mais por vc não ter correspondido às minhas.
Embora a princípio te ver tão feliz tenha me incomodado um pouco, finalmente me dei conta de algo:
Nunca vou querer te ver triste, sofrendo, desapontado.
Mesmo que minha felicidade não dependa mais disso, sempre vou querer te ver feliz.
Vc tem um futuro magnífico pela frente, e ainda que eu não esteja nele uma partinha de mim sempre estará torcendo à distância.
Leia isso, ou não.
Responda isso, ou não.
Voltemos a ser bons amigos, ou não.

Mas agora, finalmente, tudo está em paz.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Todas as Teorias

Se o filme é Capitu, o livro é Bentinho.



Existem diversas definições de arte, uma das mais interessantes é que arte é tudo aquilo capaz de provocar reações a quem é exposto a ela. Talvez não todos os tipos de reações.
Aliás,  objetos que são um fim em si mesmos e não provocam reações significativas também costumam ser chamados de entretenimento.

Falando nisso...,
Qual o limite entre a arte e o entretenimento?

Stephen Hawking é ateu convicto e acredita que "Deus não joga dados com o Universo".
Ironicamente a ciência é incapaz de fornecer uma explicação para a sobrevivência de vida dele.

A Teoria de Tudo é um livro fascinante, a melhor parte é que ele se mostra uma obra de arte excepcional segundo aquele conceito pois levanta tantos questionamentos em tantas esferas que deve ser degustado e digerido lentamente, caso contrário pode-se perder diversas nuances.

Falar da capacidade de superação do professor Hawking seria nada mais que um clichê...

(a propósito um clichê que a Academia de Cinema ama e que proporcionou o Oscar de melhor ator a Eddie Redmayne, falando em clichê também podemos citar a romantização do personagem principal e o clássico primeiro encontro no baile da faculdade)

...então que tal falar sobre outras questões interessantes sobre o protagonista?

A incapacitação física torna o ser humano mais frágil ou a habilidade de lidar com a deficiência o torna mais resistente?
A longevidade de Stephen seria a prova de que a mente pode triunfar sobre o corpo e/ou que a religião pode sobrepujar a ciência?

Uma ironia: mesmo com 73 anos o cientista não mostra o menor sinal de diminuição em suas capacidades mentais, ao contrário de sua condição motora.

Tal como o filme, falamos até agora do que concerne ao professor, mas tal como o livro podemos analisar os acontecimentos da perspectiva de Jane:

(aliás Jane Wilde Hawking possui um PhD, fato desnecessariamente omitido)

O quanto é saudável ou não dedicar sua vida inteira ao bem-estar e sucesso de outra pessoa obtendo em troca pouco ou nenhum reconhecimento?
Até que ponto uma pessoa é socialmente obrigada a cuidar de outra?
O sentimento de culpa mesmo quando racionalmente injustificado pode levar alguém à insanidade?


Em tempos de redes sociais o limite entre vida pública e privada tem se tornado cada vez mais difícil de estabelecer, por outro lado, durante uma considerável parte da vida do casal existia um grande esforço para esconder as dificuldades físicas e financeiras passadas pela família.

Se a situação da ELA (aquela do desafio do balde de gelo) fosse melhor conhecida na época, os Hawking teriam mais apoio? Ou comover a opinião pública diminuiria o mérito do cientista?
Ou ainda, o quanto as doenças degenerativas ainda são desconhecidas?

Os espaços públicos estão preparados para receber o indivíduo com qualquer tipo de deficiência?
Se imagine de muleta (por exemplo) enfrentando sua semana de aulas na Politécnica.
Todos os prédios têm rampas e elevadores e banheiros adaptados?
Seus locais de aula são próximos um do outro?
As pessoas estariam dispostas a auxiliar?
Você se sentiria diminuído por depender de ajuda?


Além de todos esses questionamentos existe toda uma abordagem do trabalho de Stephen feita por Jane (uma pessoa sem nenhuma formação em exatas), não se espante em reconhecer termos das aulas de Física do biênio, e de uma maneira interessante!

A grande (e mais sentimental) pergunta que restará ao ler e assistir A Teoria de Tudo é:
Qual sentimento era maior: o de Jane por Stephen ou de Stephen pela Física?




PS: Se você gosta de música clássica ou instrumental precisa ouvir a trilha sonora do filme! Principalmente as músicas: The Theory of Everything; Cambridge, 1963; Cavendish Lab; The Whirling Ways of Stars That Pass; Epilogue; The Origins of Time e The Wedding.
(Na verdade é melhor ouvir todas porque são fantásticas!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

FILE

WTF is FILE?

Festival Internacional de Linguagem Eletrônica!
Em exposição na Galeria de Arte SESI - SP e também na fachada do edifício da FIESP e nas estações Trianon-Masp e Consolação do Metrô.

Ok, vc respondeu onde mas não respondeu o que. GENIUS

Então, sabe o que é? É que são muitas coisas sendo uma coisa só.

Ahn? Seja mais específica criatura!

Bom, é um negócio artístico, cozido lentamente em interatividade, uma xícara de videogame, uma pitada de literatura, talvez um pouco de dança...

Dança? Clássica? Contemporânea? Street?

Na verdade não é exatamente uma dança de pessoas, tem dança de luzes, de espelhos, tem de pessoas e máquinas gerando duplicatas, tem dança de gente e luz, tem dança de plástico contra e com a física.

Mas tem joguinho?

Muitos! De joystick, touch, realidade virtual...

Realidade Virtual??? E eu posso interagir?

Mas é claaaaro que sim! Tem realidade fixa com vc parado, em movimento pendular, em pé, sentado, tem vc entrando na tela e pessoinhas saindo da tela também!

E música? Só gosto de arte se for música...

Calminha, tem música eletrônica experimental do mundo inteiro, tem instrumentos que se toca só piscando os olhos e um mega painel enorme com dezenas de botões que apertados simultaneamente tocam instrumentos distintos e criam melodias e ritmos diferentes!

E até quando vai funcionar?

Bom, aí depende. A exposição na Galeria de Arte acontece todos os dias das 10h as 22h até 16 de agosto, o FILE Led Show e o FILE Metrô  só até 19 de julho.

E quanto custa?

Nada! Nadinha! Niente! Nothing!
\o/

Como assim vc ainda não foi????


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Brasil: O País da Ginástica

Ginástica Atística! Uhul!

Está rolando o Panamericano 2015 em Toronto, Canadá e tivemos as classificatórias d ginástica artística feminina ontem dia 12/07 e prova de individual geral feminino hoje dia 13/07.

A equipe conquistou a medalha de bronze por equipes sob a orientação de Daniele Hypólito, artista de 30 anos (recuperada de lesão, em excelente forma) que abriu todas os aparelhos brasileiros com firmeza, segurança e bastante consistência.

Fonte: ESPN
Na competição de hoje tivemos Daniele Hypólito e Flávia Saraiva competindo nas provas de individual obtendo 5º e 3º lugares respectivamente.

Destaque para Flavinha com apenas 15 anos, 1,33m e 32 kg de pura graça, força, agilidade e carisma que conquistou a torcida canadense.

Amo a ginástica artística (como fã evidentemente) e adoraria ver documentários ou estudar o tema da ótica da cinemática.

O impulso a potência e a conservação de energia do salto sobre o cavalo, a conservação do momento angular nas barras assimétricas, o momento de inércia e a trajetória dos movimentos na trave de equlíbrio... E tudo que é possível imaginar no solo.

Se bem que os movimentos são tão espetaculares e as atletas tão graciosas que ia acabar me distraindo e ó admirando!
;)

domingo, 5 de julho de 2015

A Falácia da Divisão

Quando entrei na escola (particular, tradicional) em 1996, lembro de estudar com filhos de donos de empresas, passavam férias na Disney, essas coisas.
Nunca fui de ter muitos amigos, mas lembro de 3 em especial.
O Marcelo, loirinho, branquinho, que tinha algum atraso no desenvolvimento intelectual, eu com meus 6 anos não entendia porque ele não fazia as atividades como o resto de nós, mas era a única que aceitava sem chorar e sem fazer cara feia sentar com ele.
Lembro da Stephanie, que era grande, forte, encrenqueira, sempre era expulsa da sala, fiz amizade com ela, apesar de mães de amigas minhas não deixarem as filhas fazerem amizade com ela, porque uma criança de 6 anos era má influência.
Mas eu nunca vou esquecer do Jeferson, um menino negro e pobre que só estudava com a gente porque a mãe fazia faxina na escola, lembro de um quartinho escondido da escola onde ele ficava o tempo todo, até nos intervalos porque ele não tinha nenhum amigo, fora uma menina de óculos sem amigos que as vezes aparecia pra brincar com ele quando esperava os pais.
Essas crianças sofreram aos 5, 6, 7 anos de idade a exclusão por serem diferentes, mesmo tendo a oportunidade de estudar numa escola excelente elas sofreram.
Em 1996, 1997, 1998 e 1999 quando estudei ali, nos melhores anos pós Plano Real, já existia a descriminação.
Então por favor, parem de falar que foi o PT que dividiu o país.
A verdade é que o Brasil é dividido em nós e eles de 1500, mas agora algumas pessoas está abrindo os olhos pra isso.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

O Que Você Tem a Perder?

Eu gostaria que minha família tivesse um carro melhor, uma casa melhor, ter aparelhos eletrônicos melhores.
(Não que eu não ame tudo que eu tenha, é que ser humano é ambicioso mesmo)

Eu tenho vários medos, medo de ser desrespeitada, medo de decepcionar meus pais, medo de ser motivo de piada, medo de não conseguir cumprir compromissos.

Mas eu raramente temi pela minha vida, eu nunca tive medo da fome ou do desamparo. Eu aprendi o certo e o errado, eu tive pais presentes na minha educação que nunca me bateram pra machucar, nunca descontaram em mim suas frustrações.

Eu sempre tive oportunidade, estudei em boas escolas, fiz ballet, inglês, informática, treinei handebol, já participei de jogos escolares, campeonato de xadrez, atletismo, fiz cursinho. Eu não tenho medo da falta de oportunidades.

Ao primeiro sinal de que eu não enxergava bem meus pais correram comigo pro oftalmologista e no mesmo dia eu já tinha meus óculos cor-de-rosa que eu tinha escolhido a armação.

Apesar de ter medo de dor e doença eu nunca tive medo de não ser socorrida. Eu sempre tive plano de saúde, eu sempre fui a consultas, fiz exames, tomei remédios, fiz terapia, fisioterapia, cirurgia.

Então se eu cometesse um crime quando era menor e fosse presa, eu perderia muito.

Perderia minha liberdade, a atenção frequente dos meus pais, meus amigos, minha família, meus animais de estimação, meus brinquedos, meus livros, minha escola, minhas atividades, meus desenhos.

No futuro eu provavelmente perderia oportunidades de emprego pela passagem na prisão, perderia anos de estudo, perderia anos maravilhosos da minha infância e juventude.

Então se eu fosse racionalizar a questão, eu veria que não vale a pena roubar para ter um celular novo porque se meus pais puderem me dar, eles darão, se não puderem eu terei oportunidade de estudar, me qualificar, melhorar de vida e no futuro comprar o celular que eu quiser.
No Brasil, na remota possibilidade de eu ser pega (eu sou branca, educada, não sou uma suspeita em potencial) eu perderia coisas que eu amo.

Mas e quem não tem nada a perder?
Quem não tem família presente e amorosa?
Quem não é respeitado, é humilhado, ridicularizado, desprezado?
Quem não tem acesso à educação, cultura, lazer, esporte?
Quem não tem médico quando precisa?
Quem apanha da polícia por ter o tipo "considerado" suspeito?
Quem não vê possibilidade de futuro?
Quem não vê um igual tendo sucesso, melhorando de vida?
Quem não vê possibilidade de conquistar algo que deseja a não ser pelo crime?

O que essas crianças temeriam perder?
Pouco, muito pouco, quase nada, nada.

E vocês acham que a remota possibilidade de ir pra cadeia com 16 em vez de 18 pode mudar isso?

Esses jovens não se intimidam pela presença de criminosos porque esses já fazem parte do seu cotidiano; não temem a comida ruim de cadeia pois muitas vezes é melhor do que a que eles tinham em casa; não temem perder oportunidades futuras de emprego porque nunca viram nelas possibilidades reais de melhoria de vida; não temem a privação de atividades de cultura, lazer e esporte porque muitos nem tinham acesso a nada disso; não temem a ausência da família porque muitas vezes a família não é amorosa, é ausente chegando a violenta e abusadora em muitos casos.
Não temem a privação da liberdade porque já estão acostumados com toque de recolher.

Esse tipo de medida só mostraria alguma eficácia para os jovens que tem algo a perder, mas esses podem pagar advogado e se safar de homicídio culposo mesmo sendo maior de idade.

Os jovens de 16 anos que cometem crime hoje não deixarão de cometer amanhã porque a maioridade penal foi reduzida. A lei "branda" não é o motivo deles cometerem crimes. Então não é mudando essa lei que se chegará a algum lugar.







domingo, 7 de junho de 2015

Anestesia

Acordo, visto a roupa, vou ao banheiro, tomo o café, entro no carro.
Pego o ônibus, cumprimento o motorista, durmo no ônibus, chego na escola.
Assisto às aulas, anoto tudo com cuidado, falo com colegas de sala.
Faço os trabalhos de escola, estudo, vou ao ballet, ensaio, aula.
Talvez seja o único momento que me sinta viva.
Que seja capaz de perceber como o mundo é maravilhoso e como existem mil possibilidades.
Jogo, leio, pinto, me alongo, vejo séries.
Preencho o novo tempo livre fazendo coisas que sempre gostei.
Aliás é estranho ter tanto tempo livre.
Já me livrei da maioria dos objetos que causam lembranças.
Como se isso adiantasse alguma coisa.
Muitas perguntas, muitas dúvidas.
Mas não sei se quero respostas.
Acho que gostaria de certezas, mas certezas não existem.

Volto ao plano original.
Andar sozinha, ler sozinha.
Até o dia em que alguém vai falar que adora o livro que estou lendo.
Vai me falar de um filme que amou e vamos conversar sem notar a passagem do tempo.
Facebook, whatsapp e aquela vontade de continuar conversando.
Descobrir novas manias, novos lugares, novos sabores.
Nem notar que alguém virou meu assunto favorito.
Fecho os olhos e me imagino tomando um frapuccino de caramelo na minha cafeteria favorita.


Mas o que faço se ainda não consigo sair sozinha?
Se tudo que tenho feito são as coisas que sempre gostei no aconchego do meu sofá?
Se o mundo lá fora não parece interessante?
Acho que preciso esperar a metamorfose.
E talvez voltar a sentir o mundo com todos os poros de novo.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Deixa Eu Explicar

Mansplanning.

Ou homexplicanismo.

Amo programas de culinária,  mesmo não sendo lá muito boa de garfo. Não é de se estranhar que esteja vendo a estreia de MasterChef Brasil.

Bom, o dia hoje é para selecionar candidatos,  os três jurados conversam com o aspirante enquanto este cozinha, provam o prato e se 2 dos 3 aprovam, o candidato está no programa.

Um candidato, Francesco, demonstrou ao vivo e a cores em rede nacional o que é mansplanning e o quanto é desagradável.

Paola Carosella, jurada do MasterChef, cozinheira hiper experiente,  premiada e que já trabalhou com grandes chefes, abriu vários restaurantes.

Quando a jurada foi provar o prato de Francesco, antes de provar o prato decorado foi experimentar o peixe na forma. Assim que ela se aproximou do forno, o candidato disse que tal parte (não a que ela estava observando) era a melhor parte do peixe.

Pausa.

Quem é que cozinha profissionalmente?  Paola.
Quem é experiente,  um nome consolidado na gastronomia?  Paola.
Quem tem gabarito suficiente para ser jurada de um programa/concurso?  Paola.
Quem é aspirante a candidato de tal programa?  Francesco.
Quem nunca trabalhou numa cozinha profissional?   Francesco.

Quem deveria ensinar quem sobre culinária mesmo?

Prosseguindo:

Cada jurado avalia e comenta o prato do candidato, diz se aprova ou não e eventualmente dá uma dica ao candidato,

Quando Paola Carosella estava comentando Francesco a interrompeu no intuito de discordar da opinião dela. Além da falta de educação fica óbvia a falta de noção. Ela é a jurada de prestígio,  ele é um anônimo.  A opinião dela é muito mais relevante que a dele.

Mansplanning é exatamente isso.

Mansplanning é um homem se sentir mais gabaritado que uma mulher puramente por ser homem. Pois não existe outra justificativa,  nada justificaria essas atitudes.

No mundo da gastronomia Francesco não é ninguém.
Paola é prestigiada.
Francesco foi totalmente respeitoso com os jurados homens.

Mas fica aqui o meu beijo pros jurados homens que mandaram Francesco baixar a bola e que diferente dele, o prato era ótimo.

Francesco está no MasterChef Brasil 2015.

E eu estarei de olho,

domingo, 12 de abril de 2015

O Que Eu Preciso Não Dizer

Hoje é um dia tão feio, cinza, nublado.
Irradia tristeza, talvez porque eu esteja triste.
Tão triste que nem dançar,  nem música favorita e nem chocolate amenizam esse buraco negro que abriu no meu peito e suga toda a minha energia.
Falando em chocolate,  ainda não abri o que você me deu no nosso aniversário,  nem na Páscoa. Porque sou perfeccionista e quero saborear totalmente o momento,  quero sentir seu beijo doce e seu carinho a cada mordida, e não posso fazer isso agora.
Eu quero tanto te chamar pra conversar e dizer que preciso de carinho, que preciso me sentir  querida. Mas não se pede pra alguém se importar.
Eu sei que já pedi muitas vezes, mas não quero o resultado de sempre e não sei como fazer diferente.
Andei lendo textos maravilhosos de amor, aqueles bem tristes, aqueles que se escreve quando a outra pessoa vai embora e se percebe que não consegue respirar sem beijar aquela pintinha na testa, bem agora que aquela pintinha nunca mais estará perto.
Eu fico pensando se você escreveria um desses se eu fosse embora,  temo que não,  que eu iria ser jogada fora como uma palavra cruzada completa, que não entusiasma, que não tem mais nenhum atrativo.
Mesmo que eu suspeitasse que você escreveria não estaria disposta a pagar o preço. Não tô pronta para ir embora,  não pretendo ficar pronta para ir embora.
Mas não tô conseguindo ficar.
Queria tanto que você desejasse saber como eu me sinto.
Eu me sinto tão pequena,  do tipo que se guarda no bolso até querer se distrair de novo.
Talvez você não acredite,  e nem tem motivos para acreditar,  mas já fui tão sorridente,  tão esperançosa,  tão cheia de sonhos que eu acreditava ser capaz de realizar. Não sei o que aconteceu.
Na verdade sei sim, eu fui encolhendo.
A cada frase não concluída,  a cada ideia ignorada, a cada dúvida deixada pra depois,  a cada "isso não é importante". Mas era tudo importante,  importante para mim.
E não acho que você vá enxergar nada disso,  se é difícil enxergar uma, imagine todas de uma vez só.
Não me leva a mal não,  é que esse é meu último esforço,  eu tô tão pequena que preciso fazer algo pra não sumir.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Panic at the QUALQUER LUGAR!

O post de hoje é bem sério,  é um assunto difícil de lidar sozinho e que precisa de uma empatia substancial pra entender.

Síndrome do Pânico.

Não tenho a pretensão de falar sobre questões médicas,  sugerir tratamentos ou nada do tipo.

Só quero contar como é o outro lado,  o lado de quem convive com isso.

A primeira coisa é a vergonha,  vergonha da sua condição,  pavor de ter uma crise e alguém ver, vergonha de não conseguir mudar sua condição.

Uma crise pode se manifestar de muitas maneiras: crise de choro, tremedeira, dor de estômago,  dor de barriga,  queda de pressão,  raiva descontrolada, tiques nervosos, movimentos repetitivos, dificuldade para respirar, sensação de desespero.

A sensação de impotência também é desconcertante.

Eu por exemplo,  só me sinto segura no meu quarto,  na minha cama, onde ninguém vai me atacar, me estuprar,  me ofender, me apalpar, me difamar.

Outra questão é o isolamento,  o medo a princípio de multidões,  depois de lugares cheios, grupos grandes, até evitar quase completamente o contato.

Quando vc se isola, vc controla o ambiente à sua volta:  som, claridade, circulação de ar, a consequências é a hipersensibilidade a qualquer mudança quando vc está fora do seu local seguro.

Paradoxalmente,  há o medo da solidão e do abandono,  o pavor de não ter a quem recorrer numa crise.

Para concluir,  vc perde o controle sobre o seu humor, e não quer envolver suas pessoas queridas nisso, pois lidar com uma pessoa nesse estado é cansativo,  frustrante e deprimente.  Novo paradoxo,  precisar de ajuda e não querer que ninguém se aproxime.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Polêmica da Semana: Beijo é Crime?

Mas é claro que não!
Crime é forçar, coagir, ameaçar, abusar de menores ou vulneráveis.
Boa parte das abordagens do assunto que tenho visto minimizam o ato desse sujeito a um simples mal-entendido, um nossa-até-beijar-tão-proibindo quando na verdade não é nada disso.
Um dos assuntos da semana é um indivíduo condenado a 7 anos de prisão por beijar à força uma moça no Carnaval na Bahia em 2008.
Fui me informar melhor.

Reportagem do G1:

"A denúncia oferecida pelo Ministério Público da Bahia relata que o denunciado foi preso em flagrante delito por ter agarrado o pescoço da vítima, dando uma 'gravata', sendo que, após imobilizá-la, beijou a sua boca por várias vezes sem consentimento.
O texto diz que "o denunciado aproximou-se da vítima no momento em que atravessava a rua e que, para disfarçar das pessoas que passavam no local, obrigou que a vítima o abraçasse, insinuando ainda que estava portando uma arma de fogo e uma faca". ( Reportagem do G1 )
Bom, não me parece nada amigável dar uma gravata e ameaçar com uma suposta arma. Não vejo nenhuma "má interpretação dos sinais de uma paquera saudável" como muitos insinuam em casos do tipo.
Nova Definição de Estupro:

"Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos (art. 213, caput)".

Análise de Especialistas:

"O beijo na boca, nos seios ou na genitália, o tatear e o apalpar os órgãos genitais, quando praticados mediante violência ou grave ameaça, que já foram admitidos como atos suficientes para a realização objetiva do crime de atentado ao pudor, agora poderão continuar sendo considerados como estupro, de conformidade com a segunda parte da norma contida no art. 213 caput, co CP."

LEAL, João José; LEAL, Rodrigo José. Novo tipo penal de estupro.Jus Navigandi, Teresina, ano 14n. 22586 set. 2009. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/13462>. Acesso em: 4 fev. 2015.



Sentença:



Outras questões interessantes:


"A sentença foi proferida pela juíza Silvia Lúcia Bonifácio Andrade Carvalho, da 6ª Vara Criminal da Bahia, no dia 15 de setembro de 2014." (reportagem do G1, link no início do post)

"José Brito Miranda de Souza, defensor público responsável pelo caso, afirma que há uma total desproporção entre a pena e o castigo imposto pelo juízo, o que fere o princípio da razoabilidade." ( Reportagem do Bahia Notícias)


Não é extremamente curioso que uma mulher considere que o crime seja muito grave enquanto um homem ache que não é razoável? 
Será que o senhor defensor público sabe o que é ser incomodado, desrespeitado, constrangido, apalpado, agarrado à força? A extensa maioria das mulheres sabe.

Se a melhor forma de diminuir a incidência de crimes a curto prazo é a punição exemplar, não é excelente que esse caso seja julgado e que o indivíduo seja condenado às vésperas do Carnaval?

Sinceramente espero que a sentença se mantenha,  que a mídia dê muita cobertura ao caso e que seja tratado como deve ser: uma punição decente para um crime contra dignidade humana.

Nenhuma mulher deve ser forçada a nada e já passou muito da hora de todo mundo entender isso.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Juro Solenemente

Estou num caso de amor desesperado e platônico pela série Grey's Anatomy (vou falar dela na Série de Séries, não vejo a hora!) e apesar de não ter a menor aptidão, tenho profundo respeito e admiração pelos profissionais da saúde, médicos, enfermeiros, técnicos.

Bom, estava eu há 5 minutos assistindo um episódio da série em que um momento é citado o Juramento de Hipócrates que todo formando de medicina faz:

"Prometo solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade.
Darei aos meus Mestres o respeito e o reconhecimento que lhes são devidos.
Exercerei a minha arte com consciência e dignidade.
A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação.
Mesmo após a morte do doente respeitarei os segredos que me tiver confiado.
Manterei por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica.
Os meus Colegas serão meus irmãos.
Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, partido político, ou posição social se interponham entre o meu dever e o meu Doente.
Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça e não farei uso dos meus conhecimentos Médicos contra as leis da Humanidade.
Faço estas promessas solenemente, livremente e sob a minha honra."

Bom, essa é a versão que consta na Wikipedia como a Fórmula de Genebra adotada pela Associação Médica Mundial em 1983, também a versão apresentada na legenda do episódio de Grey's Anatomy que eu estava assistia.

Mas há uma diferença entre o texto recitado pelo personagem e a tradução, duas palavras, gênero e orientação sexual, foram abolidas do trecho "Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, partido político, ou posição social se interponham entre o meu dever e o meu Doente."

Minha pergunta é: Por que essas duas características foram excluídas do discurso em português?
Gênero e Orientação Sexual podem se interpor entre o médico e o paciente?
E as pessoas trans que que não se adequam ao gênero biológico?
As pessoas trans não são seres humanos como todos nós? Não merecem ser contemplados pelo juramento? Ou é aceitável um médico negar atendimento a uma mulher, gay ou trans?

Até quando a medicina vai ser palco de discriminação, humilhação, coerção?
Bom, a Faculdade de Medicina da USP dá um verdadeiro show de preconceito e coerção:






segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Séries V: Laranjinha Básico

Atenção!
O post abaixo contém muitas (entendeu bem? Muitas) palavras-com-hífen-que-não-existem-mas-que representam-direitinho-uma-ideia, se você é um preciosista da Língua Portuguesa não leia em hipótese alguma!




O tema de hoje é:

Rufem os Tambores!


ORANGE IS THE NEW BLACK





Honestamente?
É a série mais ponto-fora-da-curva que eu já vi!
Baseada no livro Orange Is the New Black: My Year in a Women's Prison de Piper Kerman.

É a história de uma Barbie: linda, loira, rica, noiva, prestes-a-se-casar-com-o-homem-da-vida-dela que de repente se vê na prisão culpada de participação num cartel de tráfico internacional de drogas.
Absurdo, né?
Bom, a Piper (sim, a autora do livro) se envolveu com uma moça (uau! ela é bi, tirem os moralistas da sala!) que pediu para que essa carregasse uma mochila com dinheiro, delatada pela ex 10 anos depois do ocorrido Piper está presa.

Sabe aquela história de sexo-frágil, doce-meiga-feminina, mulher-musa, Amélia-é-que-era-mulher-de-verdade? Esqueça! 

O sistema presidiário americano em que as presas podem trabalhar em troca de redução de pena, estudar, aprender uma profissão, participar de atividade me parece muito mais próximo de conseguir reabilitar as condenadas do que o sistema brasileiro deixa-apodrecer-como-sardinha-em-lata.

As personagens são diversas, extremamente diversas, brancas, negras, latinas, hetero, homo, bi, cis, trans, budistas, evangélicas, católicas, muito jovens, adultas, meia-idade, bem idosas, casadas, noivas,deficientes mentais, doentes,separadas, mães, traficantes, assassinas, assaltantes, stalkers, viciadas, estelionatárias, mentes criminosas, motoristas de fuga, "cabras expiatórias". Cada personagem tem sua história, seus motivos, todas são profundas, intrigantes.Além das presidiárias conhecemos suas famílias, todo o jogo político, burocracia, desvio de verba, tudo.

A série mostra guardas estuprando, corrompendo e subjugando prisioneiras, presas demarcando território, esquema de tráfico, extorsão, cenas de violência, cenas em que não se vê mulheres.
Também trata de maternidade, sexo, aborto, vaidade, negócios, armas, poder, dinheiro, dominação, territórios, é a típica série que, se fosse estrelada por homens, faria mais sucesso que Prison Break, 24 Horas e Breaking Bad juntos.Enfim...

É preciso ressaltar a brilhante atuação de Laverne Cox como Sophia Burset, é empoderador ver uma mulher trans negra representando uma mulher trans, sem estereótipo, uma visão íntima, é uma personagem como qualquer outra, de quem conhecemos a história, os medos, os desejos, as ambições, é impossível não se apaixonar por ela!


Resumo da ópera:

BRACE YOURSELF!TERCEIRA TEMPORADA IS COMING!


Em junho de 2015, tá ?
;)


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

(In)visibilidade

Hoje, dia 29/01 é Dia Nacional da Visibilidade Trans.
Não é um tema muito recorrente aqui no blog, mas há uma razão: eu não tenho condições de falar com propriedade da causa trans, eu sou cis, só convivo com pessoas cis, então só conheço a experiência cis, qualquer comentário sobre pessoas trans que eu faça será menos relevante que qualquer relato de uma pessoa trans.
É a segunda vez que participo da blogagem coletiva Primeira Participação: Como você se chama?pois acredito que esse tema precisa ser abordado, descobri esse dia graças às Blogueiras Feministas e desde então me comprometi a colaborar de alguma maneira.
Certa vez ouvi que se um homem quer ajudar o feminismo ele deve fazer do seu espaço privilegiado (por ser homem) um espaço para falar e fazer feminismo. O raciocínio aqui é análogo,  eu respeito o Movimento LGBT, acompanho, leio a respeito e pretendo aqui usar o meu espaço privilegiado por ser uma pessoa cis como espaço para falar da causa trans.

Existe desde maio de 2010 a Lei Federal que obriga o uso do nome social em serviços públicos ou autarquias.

O que mudou nesse ano?
Pela primeira vez o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) passou a disponibilizar a opção do Nome Social, as 95 solicitações foram atendidas e as pessoas trans puderam inclusive utilizar o banheiro com que se identificam durante a prova,  ainda há muita desinformação a respeito,  inclusive institucional,  mas quero salientar o avanço que essa medida representa. 
Aproveito para parabenizar a Maria Clara Araújo,  mulher tran aprovada em primeira chamada para Pedagogia na UFPE.Parabéns primeira lista! 


Dito isso...


Gostaria de reiterar meu apoio à causa e recomendar alguns links de lugares com muito muito, mas muito, muito mais propriedade no assunto:




Um último apelo: não constranja uma pessoa no banheiro, não chame de travesti, não deboche, não humilhe, não defina uma pessoa só pela não conformidade com o gênero ou sexo, não diga que "não é de verdade", porque apesar de tratados como invisíveis, as pessoas trans e seus sofrimentos são reais e totalmente dignos de respeito.





quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Série IV: Éssi-Ví-Iú

"No sistema judiciário criminal, crimes de caráter sexual são considerados especialmente hediondos. Na cidade de Nova Iorque, os dedicados detetives que investigam esses terríveis delitos são membros de um esquadrão de elite, conhecido como a Unidade de Vítimas Especiais. Estas são as histórias deles."



Lei e Ordem: Unidade de Vítimas Especiais, exibida desde 1999 é derivada da série Law & Order, mas com outro recorte. Essa série trata de estupro, abuso sexual, pedofilia, pornografia infantil.Já está na 16ª temporada e continua sendo um grande sucesso da TV estado-unidense.

É extremamente interessante pois mostra duas maneiras da justiça lidar com casos de estupro por exemplo, quando há uma criança envolvida há uma comoção nacional, pressão da mídia, mais recursos são disponibilizados e tudo gira em torno de prender o culpado por violar a inocência, em contrapartida quando trata-se de estupro de uma mulher adulta faltam recursos, as pessoas não colaboram, a mídia não pressiona, a vítima é desacreditada.

O jogo jurídico envolve fazer o júri acreditar que a vítima é mentirosa, imoral e portanto a acusação seria falsa, cria-se uma imagem de bom moço/pai de família do estuprador e faz-se acreditar que um homem tão bom jamais cometeria tamanha atrocidade. A atuação dos advogados e promotores é brilhante, muitas vítimas desistem de denunciar para não serem atacadas na rua, por medo do agressor, para não mancharem a imagem da família/universidade/empresa/cidade.

Outro destaque é a detetive Olívia Benson, protagonista da série que lida com problemas familiares, relacionamentos amorosos, a questão carreira X maternidade, o machismo institucional. Outro ponto bastante interessante é que qualquer descontrole emocional, ataque raivoso dos detetives/policiais homens é tido como normal/compreensível/justo/necessário para a profissão e muitas vezes o homem que o demonstra é tido como verdadeiramente envolvido em seu trabalho, enquanto que qualquer sombra de emoção de uma profissional mulher é motivo para desqualificá-la e desmerecê-la da função.

Se você é uma daquelas pessoas que reagem com "não pode ser verdade...", "isso jamais aconteceria na vida real!", "ela deve estar inventando!", "mas ele não é um monstro/doente/psicopata!" fica o convite para assistir este seriado, as tramas são excepcionalmente bem feitas, a verossimilhança é inacreditável, o enredo é complexo, cheio de cenas de ação, julgamentos emocionantes, só se prepare para viciar!


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Séries III: Pista Fria

Boa madrugada amiguinhos!
Não, não é o Programa da Palmirinha, só mais uma edição da Série de Séries!
Então pegue sua pipoca, bolacha, pão de queijo, sorvete e/ou qualquer coisa que vir pela frente e Come On!


Tenho um fraco, uma queda por séries/livros/filmes policiais, gosto da lógica dedutiva e principalmente daquela sensação aconchegante de "a justiça foi feita", "o bem triunfou sobre o mal", "o crime não compensa" ou qualquer outro clichê do gênero.

A dica de hoje é a série Cold Case, ou Arquivo Morto produzida pela Warner Bros e exibida entre os anos de 2003 e 2010 perfazendo 7 temporadas. É uma série interessante onde um crime é solucionado por episódio e as tramas pessoais dos personagens se desenvolvem ao longo dos episódios.

O diferencial dessa série é que aborda casos esquecidos, casos com mais de 10 anos, abandonados por falta de provas. Geralmente surge uma pista encontrada nos pertences de um parente falecido, arquivos pessoais abandonados, peças que surgem na mídia sem explicação, o arquivo é reaberto e os envolvidos são procurados.

Algo muito interessante é que por se tratar de crimes as vezes muito antigos, muitas das testemunhas estão idosas e deixaram de dar importância a status ou reputação ou temem chegar ao fim da vida com certos arrependimentos e revelam segredos constrangedores, sendo possível levar a cabo (trocadilho de mau gosto) a maioria dos casos.

Diversos temas são abordados e mostram a diferença de valores e mentalidades entre as gerações, como por exemplo não poder dizer na época da investigação que havia traição entre os pais, pertencia à uma banda, ter um relacionamento com alguém de classe social ou etnia diferente, uma virgindade perdida antes do casamento, muito me nome da honra e do prestígio da família.

O caráter da maioria dos crimes é extremamente pessoal e próximo às vítimas, desfaz o estereótipo do desconhecido a noite num beco escuro, expõe a baixeza do ser humano de forma crua, inveja, ira, cobiça, sentimento de possa, não saber ser contrariado. Além é claro da oportunida de acompanhar as linhas escusas de raciocínio dos envolvidos nos crimes.


Um último fator que faz a série menos estereotipada é a diversidade dos personagens, não são todos homens-branco-heteros-cis donos do mundo que sabem resolver tudo sozinhos com sua arma-de-última-geração e nenhum respeito pelas regras, aliás em vários episódios destaca-se o quanto julgamentos precipitados, ações impulsivas e individualistas podem prejudicar a ação policial.

Extremamente interessante.
Recomendo fortemente.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Loucas Por Clichê

Nessa terça-feira dia 13 (só pelo dia já dá pra imaginar a bomba) tive o desprazer de assistir à comédia de nome "Loucas Pra Casar".Detestei, acho que ri de uma piada e curti os últimos 5 minutos.

ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS!

Vamos começar pelos pontos positivos: protagonistas mulheres, boa produção, belíssima fotografia, presença de um gay e uma lésbica em papéis de destaque, cenários muito bonitos.
Acabou.
Juro!
A lista de coisas boas acaba aí!


A personagem principal Maria Lúcia, tem 40 anos e seu maior sonho é casar-se com o namorado Samuel com quem trabalha.
Maria Lúcia ou Malu mostra-se como uma mulher "perfeita pra casar": magra, bem-sucedida, organizada.

Primeiro, a meta dela é ser perfeita pra casar, perfeita pra agradar homem, muito, muito clichê.
E "ser bem-sucedida" é ser secretária do marido presidente da empresa, não sócia, não colaboradora, secretária, daquelas que planejam a agenda e tudo. É isso que é ser bem-sucedida, jura?

Desconfiada do marido, ela descobre duas amantes: a fanática religiosa Maria e a dançarina de boate Lúcia, e elas decidem primeiro se estapear, xingar, puxar pelo cabelo e disputar o homem em questão.

SÃO DUAS HORAS DE OFENSAS, AGRESSÕES ENTRE TRÊS MULHERES ADULTAS DISPUTANDO UM HOMEM QUE AS ENGANOU!!!

As principais críticas são quanto à virgindade de uma, à liberdade sexual da outra e à idade supostamente avançada da terceira. E temos um festival de piranha, vadia, vagabunda, etc, etc, etc.
Simplesmente deplorável.

Lúcia tem um amigo gay, extremamente afeminado, puro reforçar de estereótipo.

Malu tem uma melhor amiga lésbica de nome Dolores que tem um envolvimento com uma moça chamada Sulamita que é transexual, o que é motivo de chacota por parte de todos que conhecem a história, como se Dolores tivesse sido "enganada" por Sulamita, pura transfobia.

Duas cenas me incomodaram bastante:

A primeira mostra Malu falando das amigas que casaram, ela vai falando de uma a uma: a mais romântica, a mais safada e ela fala que até a Cibele casou! Só reforça a ideia que mulheres são competitivas, que não existe amizade verdadeira entre mulheres.
Deplorável.

A segunda cena mostra um chá de bebê onde todas as amigas de Malu estão grávidas e todas só sabem falar de bebês, choro, parto normal, etc, etc, o que é extremamente tedioso para Malu, a única não-grávida que fica nervosa e reclama um monte daquela situação. O problema é que no contexto em que é apresentada, Maria Lúcia está apenas despeitada, não que essas conversas sejam enfadonhas (não... Imagina!), é só que Malu está com inveja, porque tudo que uma mulher quer é ser mãe, mais clichê.

Resumindo: puro desperdício de tempo e dinheiro.

Se vc gosta de clichês, mulheres disputando homem, sendo invejosas e competitivas, e de um humor raso e batido, divirta-se, caso contrário faça qualquer outra coisa da sua existência.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Séries II: You Wanna Be a Loser Like Me?!

Escrevi aqui no blog quando me apaixonei por glee, foi a primeira série que acompanhei loucamente, foi no final de 2009. (uau! quanto tempo!)




A sexta temporada desta belezinha está para estrear este mês e provavelmente será a última (Chuif), tem 121 episódios até agora.

Glee é uma série sobre um coral de escola formada pelos excluídos, perdedores, LOSERS, aqueles que começam o dia sendo jogados na lixeira, enfiados no armário, tendo a cabeça colocada na privada, o material derrubado no chão, levando raspadinha no rosto, sendo perseguidos, ofendidos, humilhados e sentindo-se sortudos quando são sumariamente ignorados.

É o mundo dos Losers! Mas quem são? Onde vivem? Como se reproduzem?
 (Sexta no Globo Repórter, oh wait..)
Loser é o diferente, nesse universo colegial, loser é o cadeirante, a oriental gótica, a negra e gorda, a judia ambiciosa, o gay, o professor substituto de Espanhol.

Num primeiro momento parece uma receitinha batida: Colegial, capitã-das-cheerleaders-namora-capitão-do-time-de-futebol-americano, a divisão entre classes, a exclusão dos diferentes, o medo do processo de admissão das universidades, o fracassado coral da escola, o bullying, nada de mais.

Mas a série é excelente e absolutamente diferente de qualquer outra coisa que eu já vi (como se isso fosse grande coisa, mas enfim), a série é um musical onde cada episódio é temático, e a abrangência é absurdamente fantástica, a série vai de AC/DC a Britney Spears, passando por Beyonce, Beatles, Ozzy Ousborne, Madonna, Michael Jackson, Elvis, Jay-Z. Vai de clássicos de musical como O Fantasma da Ópera até Katy Perry, é assustadoramente variado.

Até aqui parece bem interessante, mas calma lá, na minha humilde opinião (humilde, aham, a criatura faz um blog pra que todo mundo possa ver o que ela pensa e vem pagar de humilde, oh céus) é a exposição da hipocrisia e os muitíssimos pontos de vista que a série mostra.

Desenvolva, Aline, Desenvolva.

A treinadora obcecada por perfeição (Normal), a capitã-das-cheerleaders-que-namora-capitão-do-time-de-futebol-americano quer ser a Rainha do Baile de Formatura (Normal), o professor substituto que ajuda os alunos excluídos (Normal). Clichê, clichê e mais clichê.

Mas o que acontece quando a presidente do clube de castidade fica grávida? E quando o gênio-da-turma-de-família-oriental-de-excelência-acadêmica resolve estudar Dança em vez de Medicina? E se a capitã-das-cheerleaders foram uma portadora de Síndrome de Down que não leva desaforo? E se a menina negra e gorda se recusa a emprestar a voz para uma modelo padrão fazer sucesso? E se a menina mais cobiçada da escola for lésbica? E se a loira-linda-e-burra for convidada a integrar a equipe de Matemática do MIT? E se a moça-linda-tímida-e-perfeita for filha da merendeira obesa da escola?

E o meu questionamento favorito: E se uma rapaz cis-hetero se apaixona por uma loira deslumbrante num chat na internet mas descobre que a foto é fake e aquela pessoa de quem eles está tão próximo e provavelmente apaixonado é aquela jovem transexual que todo mundo exclui?

A série escancara o tempo todo como as pessoas e as instituições  são despreparadas para receber o diferente, em qualquer nível de diferença, seja ela étnica, religiosa, sexual, deficiências físicas e intelectuais, diferentes nacionalidades. Fala sobre álcool, sexo, anorexia, bulimia, loucuras que os adolescentes fazem para cumprir expectativas do grupo ou da família.

Glee é olhar o outro mais de perto, é genial.

Segue a trilha sonora dos meus momentos LOSERS:
(Uhuuuuuuuul!)



terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Séries I: Era Uma Vez ...


Once Upon a Time




Uma viagem pelos contos de fadas, personagens que não sabem quem são misturados com dramas adultos. Diversas conexões entre as histórias, das mais fantásticas. É uma série envolvente. Diversos vilões, diversos mocinhos, gerações de histórias.

Emma Swan é a filha da Branca de Neve que foi salva num guarda-roupa (fuck you acordo ortográfico) construído por Gepetto para devolver a memória aos seres fantásticos. Fora do mundo mágico, sem memória, supostamente órfã comete vários pequenos delitos e tem um filho, o pequeno Harry, que vive grudado em seu livro de Contos de Fada, quando mãe e filho vão juntos para Storybrooke, Harry começa a fazer associações.

A série com certeza passa no teste de Benchel, em todos os episódios, a heroína principal é mãe solteira, a coadjuvante é sua mãe, as vilãs principais são a madrasta da Branca de Neve (mãe adotiva de Harry). Muitas personagens femininas de diversas naturezas: meigas, frágeis, guerreiras, feiticeiras, mocinhas, vilãs.

Bônus: em várias oportunidades é a princesa quem salva o príncipe e encara aa aventuras. 
Super!