Todo mundo morre as quatro da manhã.
E quem não morre tem vontade de morrer.
Quatro horas é quando a balada tá acabando e as pessoas estão chatas e cansadas.
É quando só existem dois tipos de pessoas: as que querem ir pra casa e as que nem sabem mais o que é isso.
É quando a ressaca começa a bater, é quando se liga pra quem não deveria, é quando se faz o que não pretendia.
Quatro horas é aquele momento de constatação da insônia, quando vc se conforma que não dormiu, não vai mais dormir e mesmo que dormisse não adiantaria pois logo é hora de levantar e enfrentar destruído um longo dia ruim.
Quatro horas é quando bate o desespero dos momentos maravilhosos que não podem mais voltar.
É quando se sente a falta dos amigos que partiram, dos familiares que não estão mais ali.
É quando se necessita de um abraço mais que tudo nesse mundo, mais até que respirar, mas não se tem ninguém pra abraçar.
Hora de enfrentar os desejos mais obscuros e prescrutar os sentimentos inconfessáveis. O momento exato em que vc se dá conta de cada mentira que tem vivido, é a hora que os sonhos não perseguidos vem assombrar.
Também é hora das mais decididas resoluções, aquelas que provavelmente nunca serão postas em prática.
Talvez as mais sinceras e mais necessárias.
Quatro horas é o que poderia ter sido.
Se tivesse feito, se dissesse o que pensava, se recusasse tomar parte.
A melhor parte das quatro da manhã são as certezas.
Se vc é feliz na sua profissão quando pensa nela nesse horário, então definitivamente vc é feliz.
Se vc ama e confia em alguém às quatro da manhã, essa pessoa é pra sempre.
Muitas pessoas evitam a filosofia da madrugada.
Como alguém me disse uma vez "quem pensa muito, sofre muito".
Mentira.
Eu já pensei como esse alguém, antes de conhecer e travar amizade com meus monstros particulares.
Atualmente nos cumprimentamos, jogamos cartas, contamos piadas e eles me ninam até dormir.
Sei que a vida vale a pena porque não mudaria absolutamente nada nela, nem as quatro da manhã.
0 comentários:
Postar um comentário